Repto

Repto

De novo me debruço sobre a “rés pública”. Desta feita resolvi debruçar-me sobre o modo como construir o edifício tendo por base os princípios previamente definidos, aos quais aproveito por adicionar uma ideia fundamental – é essencial ter consciência, isto é, nunca esquecer, que, sendo a pedra basilar deste sistema a liberdade do indivíduo, e porque o indivíduo não é nunca um sistema perfeito e acabado, mas antes permanentemente susceptível de mutações e melhoramentos, esta construção jamais estará terminada. É necessário ter permanentemente presente a importância de  perspectivar os objectivos fundamentais estabelecidos tendo em vista a circunstância histórica  em que a sociedade se encontra. 

José Ortega y Gasset escreveu: O liberalismo é esse princípio de direitos políticos de acordo com os quais a autoridade pública, apesar de ser todo-poderosa, é por si própria limitada e procura, à sua própria custa, deixar ficar espaço no Estado sobre o qual governe àqueles que não pensam nem sentem como ele procede, ou seja a grande maioria. O liberalismo – é bom recordar isto hoje – é a forma suprema de generosidade; é o direito que a maioria concede às minorias e, portanto, o mais nobre grito que jamais ressoou neste planeta. Anuncia a determinação de partilhar a existência com o inimigo; mais ainda, com um inimigo que seja fraco. Parece incrível que a espécie humana tenha chegado a uma tão nobre atitude, tão paradoxal, tão refinada, tão antinatural. Não é portanto para admitir que esta mesma atitude possa brevemente estar ansiosa por se libertar dela. É uma disciplina demasiado difícil e complexa para empreender um caminho firme na terra.” (A Revolta das Massas, Londres, 1932)

Todo isto vem a propósito do que discutíamos hoje enquanto caminhávamos discorrendo das causas das coisas, de porque certos indivíduos pensaram o que até nós chegou – tendo, em alguns casos, os seus pensamentos feito escola e por vezes alicerçado escolas políticas importantes -.

Parece-me ser credível que o indivíduo parte da realidade social, económica e cultural em que se insere, das suas limitações, dos constrangimentos que experimenta e das virtudes que apercebe para teorizar acerca da construção da sociedade ideal ou optimizada.    

Cumprimentos,

Gomes da Silva, Jorge 

John Stuart Mill

E. A. Havelock, The Liberal Temper in Greek Politics, New Haven: Yale University Press, 1957.

K. R. Popper, The Open Society and Its Enemies, London: Routledge and Kegan Paul, 1945.  

F. A. Hayek, The Constitution of Liberty, London: Routledge and Kegan Paul, 1960.

F. A. Hayek, Studies in Philosophy, Politics and Economics, London: Routledge and Kegan Paul, 1967.

F. A. Hayek, Law, Legislation and Liberty, Chicago: Chicago Press, 1976.

Leo Strauss, “On the Spirit of Hobbes’s Political Philosophy”, em K. C. Brown, ed., Hobbes Studies, Oxford: Basil Blackwell, 1965.

Todos os deveres derivam do fundamental e inalienável direito de autoconservação. Não existem pois deveres absolutos ou incondicionais; os deveres são obrigatórios apenas até ao ponto em que o seu cumprimento não faz perigar a nossa autoconservação. Só o direito a essa autoconservação é incondicional ou absoluto. A lei da natureza, que formula os deveres naturais do homem, não é uma lei propriamente dita. Desde que o facto moral, fundamental e absoluto, é um direito e não um dever, as funções, bem como os limites da sociedade civil, devem ser definidos em termos de direito natural do indivíduo e não em termos do seu dever natural. O Estado tem a função, não de produzir ou promover uma vida virtuosa, mas de salvaguardar o direito natural de cada um. O poder do Estado encontra o seu limite absoluto nesse direito natural e não em qualquer outro facto moral. Se podemos chamar liberalismo à doutrina política que tem por facto político fundamental os direitos, distintos dos deveres, dos homens e que identifica a função do Estado com a protecção ou a salvaguarda desses mesmos direitos, somos obrigados a dizer que o fundador do liberalismo foi Hobbes"

John Dunn, The political Thought of John Locke, Cambridge University Press, 1969.

Isaia Berlin, “Two Concepts of Liberty”, em Four Essays on Liberty, Oxford: Oxford University Press, 1969.

Isaia Berlin, “Benjamin Disraeli, Karl Marx and the Search for Identity”, em I. Berlin, Against the Current, Londres; Hogarth Press, 1980.

James Buchanan, Limits of Liberty: Between Anarchy and Leviathan, Chicago: Chicago University Press, 1975.

John Gray, Mill on Liberty: A defence, Londres: Routledge and Kegan Paul, 1983.

John Rawls, A Theory of Justice, Cambridge, Mass.: Belnap Press of the Harvard University Press, 1971.

Robert Nozick, Anarchy, State and Utopia, Nova York: Basic Books, 1974.

Leon Trotsky, The Revolution Betrayed, Nova York: 1937.

F. Engels, The Condition of the Working Class in England, New York: J. W. Lovell Company, 1887.

G. de Ruggiero, Storia des Liberalismo Europea, Bari, 1925.

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